sábado, 28 de fevereiro de 2009

O CHEIRO DO RALO


Ontem eu assisti a um filme chamado O Cheiro do Ralo, protagonizado pelo Selton Mello. A película conta a vida de um comprador de antiguidades e cacarecos que se aproveita do fato das pessoas estarem com a corda no pescoço para dar o mínimo possível por pertences que muitas vezes têm imenso valor sentimental, revendendo-os mais tarde por um valor muito maior.

A personagem do Selton Mello se chama Lourenço e é um cara extremamente frio. Nas palavras dele: “Eu não gosto de ninguém, não gosto da minha mãe e nem gosto de você”. É o que diz ele a sua ex-noiva.

O filme que, aparentemente, foi pouquíssimo divulgado é de um humor negro imbatível. Os diálogos são fantásticos e o roteiro todo é muito bem elaborado. Há muito pouca ação, o que privilegia as personagens e o desenrolar da trama sem perder o foco naquilo que realmente interessa: o conflito humano.

Para ilustrar um pouco o roteiro, resolvi transcrever aqui duas cenas de O Cheiro do Ralo. Eu recomendo o filme para quem gosta deste gênero, mas aviso: o politicamente correto passa bem longe desta estória.


Primeira cena:

Lourenço está deitado no sofá e acorda assustado ou ouvir a porta do seu apartamento batendo. Ele olha em direção à entrada e vê que lá se encontra a faxineira:

– Ai, que susto seu Lourenço! – disse a faxineira.
– Que horas são, Luzinete?
– Umas 9h30.
– Eu nunca perco a hora, o que foi que aconteceu?
– Peraí, deixa eu passar um café pro senhor – respondeu a faxineira.
– Vai passa um café. Vai passar um café – disse um Lourenço ainda sonolento.

Já sentados à mesa, a faxineira pergunta:

– O senhor desmanchou o noivado, não foi?!
– É uma história comprida, vou tentar resumir pra você: lá onde eu trabalho tem um banheirinho e eu tive um problema lá com o ralo. Começou a vir um cheiro ruim, um cheiro muito ruim. Eu comecei a ficar nervoso, irritado... Aí eu acho que eu comecei a descontar nas pessoas; na minha vida, sei lá.
– Por que o senhor não mandou consertar?
– Eu... fui deixando passar.
– A vida é assim mesmo, seu Lourenço. A gente vai deixando as coisas passar e elas vão crescendo. No começo a gente não quer brigar porque é coisa pouca, né?! Mas aí vai crescendo, crescendo... Que nem panela de pressão: uma hora explode.
– É isso mesmo... Quando comecei a trabalhar eu tinha que ser forte, eu tinha que ser frio, porque eu compro as coisas das pessoas e eu tinha que oferecer um valor bem baixo pra poder ter lucro. Mas no começo eu tinha pena das pessoas... Mas eu não podia ter pena, senão eu não ia chegar onde eu cheguei. Aí eu comecei a ficar frio cada vez mais frio, e fiquei cada vez mais frio.
– E o que o senhor ganhou com isso sendo frio desse jeito?
– Não sei... – respondeu um reticente Lourenço.
– É, isso deve ser triste.
– Não sei se triste é a palavra certa.

A faxineira se levante com o bule na mão e pergunta:

– O senhor quer mais café?
– Ah, Luzinete, eu vou aceitar.
– Seu Lourenço, vou aproveitar que a gente tá aqui conversando, tem oito anos que eu trabalho pro senhor... Meu nome não é Luzinete, não. É Josina.


Segunda cena:

Um homem bem vestido entra em uma grande sala e dirige-se a uma mesa onde está o comprador Lourenço. O homem coloca sobre a mesa uma caixinha de música e a abre. Uma melodia toca e o rapaz com a caixinha de música sorri, no que Lourenço diz:

– Aquela musiquinha chata do caminhão de gás, né?!

O homem fecha o semblante na hora e diz um pouco vacilante:

– Parece que o senhor não gostou...
– Eu dou quinze (R$ 15,00).

O homem fecha a caixinha de música na mesma hora, um tanto irritado.

– É, o senhor não gostou mesmo. É que eu tô precisando de dinheiro... Eu vou dizer uma coisa pro senhor, essa caixinha de música não é uma caixinha qualquer.
– É, eu sei. Toca até a musiquinha do caminhão de gás – reponde Lourenço já incomodado.
– Não é isso que eu to dizendo ao senhor. Essa caixinha já toca essa música muito antes desse caminhão de gás... Essa caixinha, ela é muito especial. O senhor sabe por quê? Porque ela tem história, por isso ela vale muito mais do que o senhor tá oferecendo – e empurrou os quinze reais de volta.

Um instante de silêncio e Lourenço pergunta:

– Sabe escrever?
– S... s... sei... – respondeu o homem um tanto confuso

Lourenço abre uma gaveta, pega um bloco de papel e um lápis. Dá ao homem na sua frente e diz:

– Então faz o seguinte: escreve aqui todas as histórias dessa caixa, porque... quando eu for revender, eu dou de brinde esse papelzinho pra pessoa saber as historinhas que essa caixa tem. Aí essa caixinha vai passar a ser uma caixinha de musiquinha... e... historinha.
– Tá gozando da minha cara – retrucou o homem já muito indignado.

Lourenço se afasta e o homem, sem saída, pega o dinheiro em cima da mesa:

– Vou aceitar essa mixaria porque... tô precisando de dinheiro, mas o senhor fique sabendo que essa caixinha de música foi da minha mãe. Ela tocava essa música no piano... pra mim – diz o homem quase aos prantos e, levantando-se, caminha em direção à saída. Então Lourenço chama a sua atenção:

– Oh! Agora quando você quiser ouvir essa musiquinha que a sua mãe tocava no piano... Vai ter que esperar o caminhão de gás.



Não sei quanto a vocês, mas eu ri!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

UMA FEIÇÃO UM TANTO QUANTO ESTRANHA

Hoje o dia está estranho, ao menos para mim; é um daqueles dias em que tudo anda em segunda marcha e tudo está meio chocho. Parece que as horas não passam e o ponteiro dos minutos pesa toneladas. A quem vive no litoral de São Paulo, como eu, resta o calor abafado da umidade durante um dia completamente nublado.

Ontem eu estava naquele pique de escrever uma porção de besteiras. Escrevi até um conto muito escroto no melhor estilo do humor ácido (e que não será publicado aqui), mas hoje estou assim... como posso dizer?... com sensação de cara de cu. Você já se sentiu assim alguma vez ou será que eu sou o único a sentir isso?

A sensação de cara de cu é diferente de ficar com cara de cu. Fica com cara de cu quem se depara com uma situação por vezes vexatória ou que provoque um impacto de estranheza imensurável. A sensação de cara de cu é aquela em que o indivíduo sente que nada vai acontecer, que viver aquele dia específico foi inútil. Veja bem que a sensação de cara de cu precede a ficar com tal cara, mas ainda não é ela propriamente dita. Essa sensação é proveniente da inócua existência de um dia que, por ventura, pode acabar fazendo com que você fique realmente com cara de cu.

Tudo bem, eu confesso! Eu queria escrever alguma coisa, mas não sabia o quê. Por essa razão eu redigi essas bobagens acima, mas de uma coisa eu tenho certeza: aposto que você ficou com cara de cu!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

PROFESSOR ESTRESSADO

Como se não bastasse o professor ganhar um salário de merda, ainda tem que ficar aguentando gente mala atendendo celular dentro da sala de aula.

E se eu fosse professor, certamente faria o mesmo...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

EU ODEIO A TELEFÔNICA

Até o momento eu acreditava que os operadores de telemarketing da Telefônica fossem máquinas sem coração, interessados exclusivamente em vender os produtos desta famigerada empresa. Devo confessar que eu me enganei.

Hoje eu recebi uma ligação da tal empresa e a atendente muito simpática perguntou:

– Boa tarde! Eu gostaria de falar com responsável pelo Speedy (banda larga da Telefônica).
– Pode falar, eu sou o responsável – respondi a ela.
– Qual o seu nome?
– Eu me chamo Daniel.

Deste ponto em diante eu preciso alertar ao leitor que muitos diálogos foram inventados, mas aconteceram sob um contexto real e a operadora de telemarketing ficou realmente magoada.

– Senhor Daniel – começou a moça – eu sou da Telefônica e gostaria de oferecer ao senhor um serviço inovador.
– Aham... ¬¬
– Senhor Daniel, nós identificamos que a sua empresa utiliza o Speedy Básico de 1Mb de velocidade no valor de R$ 83,90 e ainda paga um provedor no valor de R$ 92,00.
– Não, eu não pago provedor. Meu acesso com vocês é direto – disse eu com muita estranheza.
– Procure a sua conta telefônica de janeiro e verifique porque há o pagamento de provedor – disse a moça educadamente.

Revirei uma estante, puxei um saco plástico – muitos boletos – um monte de tranqueiras caíram no chão e, finalmente, encontrei a tal conta telefônica. Verifiquei a folha de traz e vi o valor de R$ 92,00, o que era estranho já que o valor final da conta não havia alterado.

– Puta que pariu! Não acredito que eles estão me cobrando isso – resmunguei longe do telefone.
– Alô, já estou com a conta telefônica... Estou vendo o tal valor do provedor – disse eu já com muita raiva.
– Então, senhor Daniel, hoje o valor gasto com internet pela sua empresa é de R$ 175,00. O senhor confirma?
– ... nhé ... ¬¬

E com aquela euforia de uma mulher que acabou de comprar um sapato novo que combina com aquela bolsa chiquééééééérrima que ganhou no Natal, ela disse:

– A Telefônica tem um plano de solução para a sua empresa. O senhor pagará R$ 154,00 ao mês, receberá o provedor Terra gratuitamente e ainda forneceremos uma CPU nova com processador Intel, Windows Vista original, anti-virus, e assistência técnica gratuita 24horas, além de repor qualquer peça que venha a ser danificada. O senhor não acha interessante?
– Oh! Supimpa, meu amor...
– Com isso o senhor não gastará mais com troca de peças e assistência técnica, além de ter diminuído o valor do serviço de internet na sua conta telefônica – finalizou a operadora de telemarketing.
– ...
– ...
– ...
– ...
– Ah! Você quer uma resposta minha?
– Errr... Sim, senhor.
– Tudo bem, qual o “porém”?
– Que “porém”, senhor?
– A Telefônica vai me oferecer tudo isso e não vai querer nada em troca? Só se isso for pegadinha. Fala a verdade. É uma pegadinha do Malandro, né?!
– Não, senhor. Não tem nenhuma pegadinha. A Telefônica oferece tudo isso e o senhor ainda paga menos pelo acesso – respondeu a moça em tom dissimulado que logo eu pude identificar.
– Aham... sei... Da última vez que vocês me ofereceram um serviço similar eu teria que ficar por, no mínimo, 36 meses preso ao Speedy. Além disso, em breve a sede da empresa vai mudar de lugar e talvez eu não necessite mais dessa linha telefônica. Seria uma irresponsabilidade minha fazer isso agora. E se eu não quiser mais utilizar o Speedy? Talvez eu queira usar outro serviço de internet.
– Mas o serviço pode ficar em qualquer linha telefônica que o senhor tenha, mesmo cancelando essa. O computador será trocado a cada 36 meses sem custo adicional e, no máximo, o senhor paga uma multa equivalente à metade do valor da mensalidade – respondeu a atendente já começando a demonstrar sinais de alteração.
– Então eu tenho que permanecer com vocês por 36 meses e tenho que pagar uma multa por rescisão. Aha! Peguei você!
– Errrr... Errrr... Não, senhor... Vai ficar mais barato... O serviço... Aceeeeeeiiiiiiitaaaaaaaaaaa, pelamooooooorrrrrrrrr de Deus! – tudo bem que ela não disse isso, mas ela queria, acredite, ela queria implorar para que eu aderisse ao serviço.
– Eu já tenho uma resposta – disse eu convicto.
– E qual é? – perguntou ela, esperançosa.
– N Ã O!!! – foi uma resposta carregada de prazer e desdém, do tipo “Foda-se a sua empresa”.
– Humpf!... – fez ela do outro lado da linha.
– ...
– ...
– É só isso “minha querida”? – perguntei a ela.
– ...
– ...
– Sim, senhor Daniel – respondeu ela secamente antes de desligar na minha cara. Na verdade eu sei que a vontade dela era de dizer: – Você acabou de foder a minha cota de vendas e talvez eu perca o emprego, seu desgraçado!

Mas a bem da verdade, o que eu queria ter respondido era:

– Pensou que me enganaria sua filha da puta? Pega essa merda de serviço e enfia na bunda!

Ah, a civilidade... Como eu odeio a Telefônica!!!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"BURROCRACIA"

Burocracia - do francês "bureaucratie , bueau – escritório e grego, krátos – poder.
s. f.
, modo de administração em que os assuntos são resolvidos por um conjunto de funcionários sujeitos a uma hierarquia e regulamento rígidos, desempenhando tarefas administrativas e organizativas caracterizadas por extrema racionalização e impessoalidade, e também pela tendência rotineira e pela centralização do poder decisivo; classe dos funcionários públicos, especialmente os funcionários do Estado.

A burocracia, nascida no final do século XVIII, tinha como objetivo apenas indicar a estrutura administrativa do Estado, os funcionário públicos e suas funções. Isso porque trabalhavam com o interesse coletivo da sociedade como nas forças armadas, na política, na justiça, entre outras. Ou seja, era uma questão de organização para facilitar o acesso e a prestação de contas à sociedade. Hoje em dia, o termo tem uma conotação negativa de normas ineficientes que só atrapalham e, como no caso abaixo, só contribuem para a indignação.

Saiu essa semana uma notícia que nos deixou atordoados. Um ex-morador de rua passou no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no curso de Matemática e não conseguiu efetuar a matrícula. Perdeu o prazo para entregar as cópias do certificado de conclusão do ensino médio e do histórico escolar, junto com a apresentação das originais.

Aconteceu que ele entregou as cópias, mas não tinha como serem autenticadas ou acompanhadas pelo documento original, uma vez que se formou no Piauí ( que fica beeem longe de Porto Alegre). Pediu a secretaria da escola pública, mas esta alegou que só poderia enviar em UM mês. Conversou com os dirigentes da instituição e estes negaram uma exceção. O ex-morador de rua tem 38 anos e está há 19 tentando fazer uma faculdade.

Todo mundo sabe o quanto é suado ingressar em uma universidade pública e o quanto é difícil pagar uma particular.

Agora eu pergunto: custava ficar com a cópia e esperar a original, sob pena de cancelar a matrícula? Custava um preço, com certeza...


Fonte :

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/02/03/ult105u7558.jhtm

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

And Nothing Else Matters êê....

(A notícia é antiga, mas vale a pena!) ;)

O policial Joseph Houston foi suspenso administrativamente após urinar em um fã do Metallica durante um show do grupo em Boston (EUA), no dia 18 de janeiro, e ter se recusado a deixar o local, segundo reportagem publicada nesta terça-feira (27) pelo jornal norte-americano "Cap Cod Times".

Por causa de sua conduta, Houston, de 29 anos, foi expulso do show por seguranças. Embora tenha sido acusado apenas de desordem, o policial parecia estar bêbado e tentou usar seu distintivo para voltar ao show.

Além disso, Joseph Houston teria se referido a um agente de trânsito de Boston, que é negro, de forma racista, de acordo com o relatório. Após ter forçado para entrar novamente no show, ele foi detido pelos agentes de trânsito.

Houston trabalha no departamento policial de Brewster há cerca de três anos. Ele terá que comparecer no tribunal no dia 5 de fevereiro --pode pegar 30 dias de prisão--, segundo o porta-voz da polícia de Boston, Jake Wark.


Depois dessa, Nothing Else Matters.....



http://http//g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL974363-6091,00-POLICIAL+E+SUSPENSO+APOS+URINAR+EM+FA+DO+METALLICA+DURANTE+SHOW.html